
Existe cinema fantástico no Brasil, apesar de uma percepção generalizada de que está restrito a filmes recentes de circulação limitada. Para desmistificar esta ideia e ampliar os estudos sobre o gênero, a Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) realiza em outubro o curso Panorama do Cinema Fantástico Brasileiro, em plataforma on-line, que reunirá alguns dos principais pesquisadores do país.
O curso terá duração de cinco dias, de 5 a 14 de outubro, das 19h às 20h30, com os interessados podendo se inscrever no site da Abraccine através de formulário, sujeito a lotação. O objetivo é lançar luz sobre obras que compõem o tripé horror, fantasia e ficção-científica, destacando os principais filmes e quais elementos os caracterizam.
Durante muitos anos, os aficcionados tiveram em José Mojica Marins, criador do icônico personagem Zé do Caixão, seu grande mestre, embora a participação brasileira na consolidação no gênero tenha ido muito além, com filmes que dialogam, em maior ou menor grau, com o fantástico. Exemplos não faltam, desde as comédias fantasiosas d’Os Trapalhões ao drama existencial Amor Voraz (1984), de Walter Hugo Khouri.
O fantástico está presente em diversos trabalhos que apresentam criaturas lendárias e surreais, como O saci (1953) e Ele, o Boto (1987), versões de monstros clássicos, entre eles, As sete vampiras (1986) e As Boas Maneiras (2017), e distopias, caso de Brasil Ano 2000 (1969) e Abrigo nuclear (1981).
Ao contrário do que se pensa, não são abordagens recentes na cinematografia nacional. A comédia O Jovem Tataravô, dirigida por Luiz de Barros em 1936, já trazia elementos fantásticos em sua concepção. Entender este panorama histórico é um dos pilares do curso, que culminará na próxima publicação da coleção 100 Melhores, Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais, previsto para o segundo semestre de 2021.
Serão cinco aulas de 1h30, em plataforma digital e ao vivo, sendo cada uma ministrada por um professor diferente. O curso enfocará cada um dos gêneros que compõem o fantástico, com conceituação teórica e panorama histórico da produção brasileira. Ficção científica e fantasia ganham uma aula cada. Com uma produção volumosa, o horror será tema de duas aulas, tendo a Retomada como marco metodológico de divisão. Geralmente menos lembrados, mas com importância fundamental para o cinema fantástico, os curtas-metragens terão um dia especialmente dedicado a eles.
Agenda
05/10, segunda, 19h-21h: Abertura + O cinema de fantasia brasileiro. Com Carlos Primati.
07/10, quarta, 19h-20h30: O cinema de ficção científica brasileiro. Com Gabriel Carneiro.
09/10, sexta, 19h-20h30: Os curtas-metragens fantásticos brasileiros. Com Marcelo Miranda.
12/10, segunda, 19h-20h30: O cinema de horror brasileiro I – dos primórdios à Retomada. Com Laura Loguercio Cánepa.
14/10, quarta, 19h-20h30: O cinema de horror brasileiro II – da Retomada aos dias de hoje. Com Felipe M. Guerra.
Investimento
Para não associados da Abraccine: R$ 100,00 pelas cinco aulas.
Serão oferecidas 2 bolsas para diversidade de raça e gênero (inscrições encerradas).
Será concedido certificado para quem participar de, no mínimo, 80% das aulas.
Professores
Carlos Primati é crítico, curador e pesquisador dedicado principalmente ao cinema fantástico. Organizou a filmografia do cineasta José Mojica Marins para o livro Maldito, de André Barcinski e Ivan Finotti, e produziu a coleção de filmes de Zé do Caixão em DVD. Também colaborou com as retrospectivas de Mojica e de Carlos Hugo Christensen, além de criar a mostra Horror no Cinema Brasileiro, todas em parceria com a Heco Produções. Escreveu artigos e ensaios sobre a produção nacional em livros e catálogos de mostras, incluindo obras de Carlo Mossy, Eduardo Escorel e das atrizes Ruth de Souza e Débora Munhyz. Ministra cursos sobre horror e cinema fantástico em geral.
Felipe M. Guerra é jornalista, cineasta independente, conhecido por misturar comédia e terror em seus projetos de baixíssimo orçamento, e pesquisador de cinema, Mestre em Comunicação/Cinema pela Universidade Anhembi-Morumbi. Escreveu para o site Boca do Inferno e atualmente mantém seu próprio blog, Filmes para Doidos. Foi gerente e programador da sala de cinema do Santander Cultural, em Porto Alegre, de 2014 a 2019. Seu filme mais recente é o documentário Deodato Holocaust (2019), sobre o polêmico cineasta italiano Ruggero Deodato.
Gabriel Carneiro é jornalista, cineasta, crítico e pesquisador de cinema, Doutorando e Mestre em Multimeios pela Unicamp. Sócio fundador da Abraccine, escreveu, entre outros, para Revista de CINEMA, Teorema, Rue Morgue, Cinequanon e Revista Zingu!, do qual foi editor-chefe, e para a Enciclopédia Itaú Cultural de Cinema Brasileiro, entre outros. Organizou com Paulo Henrique Silva os livros da Abraccine Animação brasileira: 100 filmes essenciais e Curta brasileiro: 100 filmes essenciais. Escreveu também para livros e catálogos variados e ministrou cursos diversos, com ênfase em cinema brasileiro e no cinema de ficção científica.
Laura Loguercio Cánepa é jornalista e pesquisadora de cinema. É Doutora em Multimeios pela Unicamp (2008), onde defendeu a tese Medo de quê? Uma história do horror em filmes brasileiros. Concluiu, em 2014, Pós-Doutorado no Departamento de Cinema, Televisão e Rádio da ECA-USP. Atualmente, é Coordenadora e Docente do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Anhembi Morumbi. É membro da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom) e da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE). Foi co-editora da Rebeca – Revista Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual, da SOCINE.
Marcelo Miranda é jornalista pela Universidade Federal de Juiz de Fora e Mestre em Comunicação pela UFMG. Repórter, crítico, pesquisador e curador de cinema. Colaborador de publicações eletrônicas e virtuais, entre elas Cinética, Folha de S. Paulo, O Tempo, Teorema e Revista de CINEMA. Realizador do podcast Saco de Ossos, dedicado ao terror brasileiro, e correalizador do podcast Hora do Espanto. Coorganizador do livro Revista de Cinema – Antologia: 1954-57/1961-64 (Azougue, 2014). Autor de textos em catálogos e em livros dedicados a Clint Eastwood, Alfred Hitchcock, irmãos Coen, John Carpenter, Charles Chaplin, Howard Hawks, Jean-Luc Godard, Luis Buñuel, Tim Burton, Domingos Oliveira, Nuri Bilge Ceylan, Emir Kusturica, Monstros no Cinema e Stephen King.
Inscrições:
- As inscrições serão online através do formulário. Você receberá um email informando os dados para pagamento e confirmação da inscrição. Este formulário não garante vaga no curso.
- Inscrições para bolsas diversidade de raça e gênero, inscrições encerradas.