Dossiê 43ª Mostra SP: Ficções estrangeiras

Adam (Estados Unidos), de Rhys Ernst
“Feito por um diretor e atores trans em seus devidos papéis – uma evolução na carreira do próprio Ernst em relação à série que produziu, Transparent –, o filme se desculpa, de modo claro em seu texto, de sua premissa possivelmente transfóbica.”
Nayara Reynaud

 

Afterlife (Holanda), de Willem Bosch
“O cineasta nunca sabe ao certo se mantém uma estética naturalista para retratar o céu e os anjos, ou se embarca numa fantasia colorida, de regras próprias. O resultado é uma indefinição que prejudica ambas as vertentes”.
Bruno Carmelo

 

Apenas 6.5 (Irã), de Saeed Roustaee
“Ao espectador, cabe o prazer de presenciar não apenas uma rede intricada de informações, mas uma série de cenas surpreendentemente bem dirigidas, fotografadas e editadas.”
Bruno Carmelo

 

Arima (Espanha), de Jaione Camborda
“A combinação entre autonomia feminina e textura de décadas atrás produz notável efeito de atemporalidade, como se esta trama pudesse ser situada em épocas e locais distintos.”
Bruno Carmelo

 

Assimetria (Sérvia, Eslovênia, Itália), de Maša Neškovic
“O uso do reverse em algumas passagens indica essa manipulação do tempo nas mãos de Neškovic e convida para adentrar a fantasia. Parte da plateia aceita o convite por encontrar uma identificação nessa história de amor e (des)amor única que o filme conta, mas há um hermetismo que bloqueia o resto de conhecer esses personagens.”
Nayara Reynaud

 

Bille (Letônia), de Inara Kolmane
“O filme tem uma linguagem bastante convencional, mas a composição que alterna momentos de frustração com pequenas alegrias cria um ritmo agradável, auxiliado pelas atuações.”
Isabel Wittmann

 

Cavalos Roubados (Noruega, Suécia, Dinamarca), de Hans Peter Moland
“Moland reconstrói esta memória de maneira muito sensorial, com o desenho de som de Gisle Tveito constituindo um papel essencial neste sentido.”
Nayara Reynaud

 

Chuvas Suaves Virão (Argentina), de Iván Fund
“Inserções de ilustrações em páginas que parecem de um livro infantil soam redundantes ao texto e alheias a uma narrativa que não possui este aspecto lúdico.”
Nayara Reynaud

 

Uma Colônia (Canadá), de Geneviève Dulude-De Celles
“No final das contas, com todos os seus privilégios e seu isolamento auto-imposto, Mylia acaba por ser uma protagonista excessivamente exemplar, dentro dos padrões.”
Isabel Wittmann

 

Corações e Ossos (Austrália), de Ben Lawrence
“A delicadeza e intensidade desta drama australiano está na qualidade que o diretor consegue injetar no confronto de interesses que surge quando um fotógrafo de guerra, Daniel Fisher (Hugo Weaving), decide montar uma exposição de suas fotos.”
Neusa Barbosa

 

O Desejo de Ana (México), de Emilio Santoyo
“O filme, bastante casto em sua representação dos corpos, da sexualidade e das interdições morais, revela-se ironicamente obsessivo com a promessa do contato sexual.”
Bruno Carmelo

 

Os Dias da Baleia (Colômbia), de Catalina Arroyave Restrepo
“Primeiro longa da cineasta colombiana Catalina Arroyave Restrepo, Os Dias da Baleia propõe um exercício de coming of age de sua protagonista que circula por lugares que tentam se comunicar, às vezes de forma conflituosa.”
Isabel Wittmann

 

O Diabo Entre as Pernas (México, Espanha), de Arturo Ripstein
“A perícia dos diálogos, empunhados por estes atores no topo de seu jogo, é a atração por excelência de um drama maduro, não raro com vocabulário e situações de um erotismo provocador, vinculado a fetiches, sem medo de parecer desagradável – o que eventualmente é.”
Neusa Barbosa

 

Ecos (Islândia, França), de Rúnar Rúnarsson)
“Rúnarsson não demonstra interesse em qualquer cena espetacular, pelo contrário: sua compilação inclui momentos comuns, de fácil identificação, cujo ruído de linguagem (voluntário, é claro) encontra-se apenas na composição controlada demais para um cenário espontâneo.”
Bruno Carmelo

 

Empuxo (Austrália), de Rodd Rathjen
“Adotando um registro cru, Rathjen busca conferir realismo à narrativa, aumentando também o impacto das ações, objetivo que atinge na maior parte do tempo.”
Bruno Carmelo

 

A Fera e a Festa (República Dominicana, Argentina), de Israel Cárdenas, Laura Amelia Guzmán
“A Fera e a Festa pode até funcionar como proposta de exploração experimental, mas como um filme por si só, confunde mais que entretém.”
Isabel Wittmann

 

A Garota com a Pulseira (França), de Stéphane Demoustier
“Menos preocupado em responder perguntas sobre o crime que estabelece sua dinâmica, o longa franco-belga mergulha em como o entorno recebe e percebe os sentimentos e reações de Lise aos acontecimentos.”
Cecilia Barroso

 

Gutterbee (Dinamarca), de Ulrich Thomsen
“Mesmo filmando tão longe de sua Dinamarca Natal, o diretor e corroteirista Thomsen realiza um filme saboroso em suas ideias e personagens, injetando humor negro, comentário social e também uma dose de violência.”
Neusa Barbosa

 

Joana D’Arc (França), de Bruno Dumont
“Nesse caminho entre a reinvenção narrativa e a lealdade histórica, há claramente uma tentativa de desprendimento com qualquer lógica narrativa, procurando ser disruptivo até mesmo com aquilo que insere como registro de estranheza.”
Rafael Carvalho

 

O Jovem Ahmed (Bélgica, França), de Jean-Pierre e Luc Dardenne
“O Jovem Ahmed é muito direto e não perde muito tempo com trivialidades; vai direto ao ponto, o que oferece oportunidades para que os rumos do protagonista passem por curvas dramáticas muito acentuadas.”
Rafael Carvalho

 

Lara (Alemanha), de Jan-Ole Gerster
“Há ainda a relação com a música. A trilha sonora composta pelo iraniano Arash Safaian, e aqui vale destacar o belíssimo concerto apresentado por Victor, acentua a solidão que dá o tom ao filme.”
Cecilia Barroso

 

La Llorona (Guatemala, França), de Jayro Bustamante
“Um dos melhores aspectos do filme surge da concepção asfixiante do som, que inclui os cantos e palavras de ordem permanentes em frente ao casarão.”
Bruno Carmelo

 

Limpeza (Coreia do Sul), de Kwon Man-ki
“Os diálogos se tornam explicativos, repletos de frases de efeito, como se o cineasta não confiasse mais na potência de suas imagens, precisando explicá-las até diluir toda a capacidade sugestiva inicial.
Bruno Carmelo

 

Maggie (Coreia do Sul), de Yi Ok-seop
“Este seria o escapismo por excelência, embalado no pacote pós-moderno de letreiros engraçados, música divertida e aparência de leveza.”
Bruno Carmelo

 

O Milagre no Mar dos Sargaços (Grécia, Alemanha, Holanda, Suécia), de Syllas Tzoumerkas
“Se em alguns momentos escolhe a literalidade, em outros, mais inspirados, vai atrás de uma alegoria onírica muito mais interessante, alinhando-se com algo que encontra, por vezes, a mitologia cristã.”
Cecilia Barroso

 

Mr. Jones (Polônia, Ucrânia, Reino Unido), de Agnieszka Holland)
“Agnieszka Holland defende tanto que não existe agenda quando se trata da verdade, que seu recorte específico e discurso didático acaba por construir Mr. Jones como uma espécie contraditória de propaganda anticomunista retroativa.”
Isabel Wittmann

 

Não me Ame (México, Espanha), de Lluis Miñarro
“A fotografia do espanhol Santiago Racaj (Verão 1993) valoriza o colorido, os contrastes e texturas da paisagem natural, tornando-as, muitas vezes, algo surreal, resultando num filme bonito de se ver com suas imagens vibrante, mas nem sempre interessante de se acompanhar.”
Alysson Oliveira

 

O Paraíso de Maria (Finlândia, Estônia), de Zaida Bergroth
“Usando de elementos de suspense entremeados ao drama da protagonista, o filme faz uso da extraordinária história em que se baseia para surpreender o espectador.”
Isabel Wittmann

 

O Paraíso Deve Ser Aqui (França, Catar, Alemanha, Canadá), de Elia Suleiman
“São sequências muito bem construídas, num filme moderno, com muito humor, que surpreendem pelo inesperado, pelo bizarro, pelo extemporâneo.”
Antonio Carlos Egypto

 

O Que Arde (França, Luxemburgo, Espanha), de Oliver Laxe
“Laxe ambienta o espectador no ritmo daquele lugar. Nada é apressado e as coisas só se desesperam quando outros elementos, o fogo ou o vento, muito mais donos do tempo, aparecem.”
Cecilia Barroso

 

O Ritual (Islândia, Estados Unidos), de Brendan Walter
“O curioso roteiro costura uma infinidade de gêneros: o drama, o suspense, o terror, a comédia, a aventura, o road movie, o filme de férias, a jornada de autodescoberta, o passeio turístico. Qualquer elemento que pareça sério demais é ridicularizado na cena seguinte, consequência de um filme contente demais com sua liberdade narrativa.”
Bruno Carmelo

 

Segredos Oficiais (Reino Unido, Estados Unidos), de Gavin Hood
“Com um narrativa que prende o espectador em todos os seus desdobramentos, atuações sólidas e personagens críveis, Segredos Oficiais é um interessante retrato do passado recente da história política.”
Isabel Wittmann

 

Sibyl (França, Bélgica), de Justine Triet
“Sibyl é um filme de classificação mais difícil do que possa parecer, mas que atinge todos os objetivos propostos. Daqueles que sabem onde querem chegar, não se importando muito em explicar que caminho estão tomando.”
Cecilia Barroso

 

Surdina (Portugal), de Rodrigo Areias
“Assim, o despojamento jamais se converte em precariedade estética, e cada pequeno símbolo é ressignificado rumo à conclusão – especialmente o belo destino reservado à fera, em procedimento análogo ao “Bestiário” de Julio Cortázar.”
Bruno Carmelo

 

Sympathy for the Devil (França), de Guillaume de Fontenay
“O filme de estreia do diretor Guillaume de Fontenay consegue criar com exatidão esta atmosfera em torno de um personagem fascinante e contraditório, num cotidiano de uma instabilidade avassaladora”
Neusa Barbosa

 

Technoboss (Portugal, França), de João Nicolau
“O diretor enxerga nestes procedimentos incomuns uma representação do absurdo das relações contemporâneas, produzindo um distanciamento crítico pela constante sensação de incômodo fornecida ao público. Nem todos os projetos conseguem combinar política e humor com a terna ousadia de Technoboss.”
Bruno Carmelo

 

Tremores (Guatemala, França, Luxemburgo), de Jayro Bustamante
“Tremores tem a mesma atmosfera claustrofóbica de um pesadelo opressivo de La llorona. No díptico, Bustamante faz uma investigação de classe, falando das elites e colocando, como na dinâmica sócio-histórica de seu país, os povos nativos marginalizados como trabalhadores para os ricos.”
Alysson Oliveira

 

Tristeza e Alegria na Vida das Girafas (Portugal), de Tiago Guedes
“Poucas vezes vemos a infância retratada por um prisma tão rico e imaginativo, desafiando clichês sobre esta fase da vida, normalmente adocicados demais.”
Neusa Barbosa

 

Os Tubarões (Uruguai, Argentina, Espanha), de Lucia Garibaldi
“Pertinente ou não em sua filiação, o projeto de Garibaldi possui méritos suficientes para se sustentar enquanto obra autônoma.”
Bruno Carmelo

 

O Turista Suicida (Dinamarca, Noruega, Alemanha, França), de Jonas Alexander Arnby
“Não que não tenha atrativos visuais. Esta parte até funciona, mas é tudo tão descolado, tão imperfeito no conjunto, que é como se vários curtas tivessem sido remendados na tentativa de criar uma história una.”
Cecilia Barroso

 

O Último Amor de Casanova (França), de Benoît Jacquot
“Para um filme sobre o desejo, é impressionante como falta desejo aos personagens e à burocrática direção.”
Bruno Carmelo

 

 

Venezia (Argélia, França), de Rodrigo Guerrero
“Somos ao mesmo tempo imersos e expulsos desta dinâmica, que demonstra tanto prazer em se apresentar quanto em se ocultar. Talvez as particularidades deste mecanismo constituam o elemento mais marcante de um projeto que, por trás da estrutura, revela uma premissa bastante simples.”
Bruno Carmelo

 

Vivir Ilesos
“Uma boa trama, que consegue envolver o espectador e tem elementos inusitados. No background, a perversa distribuição da riqueza e as mazelas sociais comuns à América Latina.”
Antonio Carlos Egypto

 

Você Tem a Noite
“Salatic coincide, neste momento, os fantasmas de um tempo passado – a imagem enquanto registro de algo que se perde, uma maneira de fixar o tempo e mumificar o objeto filmado – e os fantasmas do presente, da solidão.”
Bruno Carmelo

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