Por Alysson Oliveira
Em 1967, Luis Buñuel (mais uma vez) chocou a burguesia com seu Bela da Tarde, que marcou Catherine Deneuve com a loira glacial francesa – no papel de uma dona de casa que se liberta sexualmente passando tardes num bordel onde encontra vários tipos de prazer, não apenas o sexual. Quatro décadas depois, o veterano diretor português Manoel de Oliveira revisita o clássico, numa espécie de sequência e homenagem ao original em Sempre Bela.
Se o objetivo – vale dizer muito bem alcançado – por Buñuel e seu roteirista Jean-Claude Carrière era esmiuçar o discreto masoquismo da burguesia, Manuel, aqui, não pretende tanto. Sempre Bela é uma meditação sobre a passagem do tempo e como as pessoas se transformam ou se recusam a mudar ao longo dos anos.
Apenas Michel Piccoli está de volta no papel de Husson, um suposto amigo de poucos escrúpulos de Séverine que, no passado, foi interpretada por Catherine, e aqui é por Bulle Ogier – que trabalhou com Buñuel em 1972, em O discreto charme da burguesia.