PINGO D’ÁGUA, de Taciano Valério


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Por Antonio Carlos Egypto

 Pingo D’Água tira o espectador completamente da área de conforto, na medida em que rompe com praticamente todas as expectativas que um filme pode gerar. A narrativa não segue um fluxo que tenha um rumo, conflitos com sentido ou a busca por denunciar ou solucionar algo, seja lá o que for. Quanto aos personagens, não há construção psicológica, história, nem caminho ficcional ou documental claro.

Há estímulos variados, mudanças sem razão aparente, cenas muito interessantes, mas que são fragmentos em relação ao conjunto ou perdem a continuidade possível. Questões como a morte e o suicídio, muito bem colocadas no início do filme em falas de Jean-Claude Bernadet, a pessoa que conhecemos, não o personagem fictício, não são exploradas depois. E como poderiam ter sido fonte de encenação e reflexão!

O rumo do nonsense e do humor se mescla ao do cotidiano mais banal, como desentupir uma pia para lavar louças.

Jean-Claude Bernardet no set de Pingo d'água

Jean-Claude Bernardet no set de Pingo d’água

O filme provoca sempre. E incomoda em momentos diferentes para cada pessoa, provavelmente. Também não há cores. O público é chamado a se colocar em outro lugar, em relação ao que está acostumado. É um filme instigante, sem concessões. O afeto domina e por aí ele se torna cativante.Tem uma dimensão de viagem, é filmado em diferentes cidades e climas, mas que passam a ideia de uma unidade. De qualquer modo, o que importa não é a chegada, mas a viagem.

Que significado tem o filme? Talvez nenhum, como propugnou Bernadet, num debate sobre a obra em que ele atuou. Para o diretor Taciano Valério, é um filme de emoções. Isso ele é, mesmo.

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