
Christopher Kirk, protagonista do documentário A vida privada dos hipopótamos, de Maira Buhler e Matias Mariani: melhor filme segundo o júri da Abraccine no Cine Ceará. Crédito: Divulgação.
Três documentários assumidos contribuem para a discussão de implosão de gêneros – cinematográficos e sexuais – no 24º Cine Ceará
Susana Schild (RJ)
Um americano preso em São Paulo conta sua história para a câmera. E que história! Com ar desamparado e inocente, Christopher Kirk (é esse seu nome) se revela um tremendo narrador. De forma casual, como quem vende detergente (ele lembra Carlos Moreno, o longevo garoto propaganda da Bombril), Chris atribui a hipopótamos criados pelo mega-traficante Pablo Escobar o estopim para a guinada radical de sua vidinha morosa. Em busca de aventura, o técnico de computação prá lá de nerd embarcou para Bogotá, prontinho para o que desse e viesse. Logo conheceu e se apaixonou pela misteriosa V., mulher fatal de carteirinha, que enrola o suposto ingênuo americano em tramas rocambolescas, envolvendo personagens surreais, viagens caóticas e conseqüências pesadas – como a prisão por tráfico de drogas, o único dado 100% comprovado da suposta ‘confissão’.
Corte. Em 2011, os diretores Maira Buhler e Matias Mariani realizaram Ela sonhou que eu morri, documentário sobre presos estrangeiros em São Paulo. Na ocasião, conheceram Christopher Kirk, e devido ao poder narrativo do rapaz, acharam que merecia um longa. O resultado, A vida privada dos hipopótamos, levou o prêmio de melhor filme para o júri da Abraccine no 24º Cine Ceará.