por Neusa Barbosa
Na rica mansão em que se desenrola a história, não há sinais ostensivos de modernidade. Não há computadores nem aparelhos de DVD à vista. Só os luxuosos carros na entrada, lá fora – um Jaguar, um Aston Martin – situam o século XXI.
Lá dentro, indagações metafísicas e religiosas perturbam a paz dos silenciosos corredores, delimitados por móveis sóbrios, que parecem ter pertencido a várias gerações. A dona da casa, a rica senhora Alfreda (Leonor Silveira), tem apenas uma única obsessão, mas nada simples: ver a Virgem Maria.
No pequeno círculo de que se compõe sua convivência, não falta quem alimente a obsessão de Alfreda. O marido, Bahia (Duarte de Almeida), com quem vive um casamento sem filhos e aparentemente sem sexo, não se opõe. Muito menos o padre Clodel (Lima Duarte, pela segunda vez num filme do diretor português) e o teólogo inglês professor Heschel (Michel Piccoli), que estimula na dona da casa a crença de que Maria e Jesus teriam pertencido à aristocracia de seu tempo.