Rodrigo Zavala*
Mat (Matthew Joils) e Emily (Emily Hurley) são dois jovens de Christchurch, Nova Zelândia, que divagam sobre seu isolamento social e perda de perspectivas, nesta produção do cineasta iraniano Reza Dormishian (de Eu Não Estou Com Raiva e Lanturi). Usando um encadeamento linear de fotos com vozes em off, em vez de uma filmagem padrão, o diretor e roteirista faz um filme experimental bastante sensível a partir de ficção, mas não muito longe do real.
A vida de seus personagens entraram em pausa, traumatizados pelos terremotos de 2011 em Canterbury, que deixaram 186 mortos na Chistchurch e metade da cidade em ruínas. Cinco anos depois, Mat, que perdeu os pais, e Emily, que perdeu a mãe (e o pai, obrigado a migrar para França), acabam se conhecendo no memorial às vítimas, as 186 cadeiras brancas, nas quais sentam-se para sentirem-se próximos aos seus familiares perdidos.
Mesmo com um início de relacionamento, ambos são incapazes de se comunicar com o outro. O espectador sabe apenas o que pensam, graças às falas em off. E nesse sentido, Dormishian amplia sua mensagem sobre conexão humana e, desta, com a natureza. Nesse sentido, chega até mesmo a incluir críticas a atentados terroristas, atacando o Estado Islâmico, ao mostrar o final trágico do pai de Emily em Paris.
Produto de uma bolsa de estudos da Universidade de Canterbury, que recebeu pelo prêmio Vincent Ward para diretores visionários, durante o Festival Internacional de Cinema de Xangai, quando projetou Eu Não Estou com Raiva, a produção faz sua estreia na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
*Rodrigo Zavala é crítico cinematográfico e membro da Abraccine.
** Texto Publicado originalmente no CineWeb
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