Tempo de Aquarius

Marcelo Lyra* Sônia Braga faz Clara, uma jornalista que já foi famosa e hoje é a última moradora de um pequeno prédio antigo (desses de três andares), à beira da praia de Boa Viagem, no Recife. Ele foi quase todo adquirido por uma construtora que pretende construir no lugar mais um espigão de 30 andares,…

“Aquarius” na Terra do Sol

Luiz Joaquim* Ainda que não estivesse nascendo em berço de ouro – como acontece nesse momento em que estamos publicando esse texto, com sua primeira exibição para a imprensa encerrada no 69ª Festival de Cannes –, o terceiro longa-metragem (segundo de ficção) de Kleber Mendonça Filho, “Aquarius”, já teria um lugar na história da cinematografia…

Aquarius mostra um Brasil transfigurado

Ernesto Barros* “Aquarius”, o novo filme de Kleber Mendonça Filho, que estreou nesta terça-feira (17-5) no Festival de Cannes, é um dos mais fortes e dilacerados retratos sociais da história do cinema brasileiro. O filme segue, em estilo, tom e ferocidade, a mesma disposição que o cineasta apresentou em “O Som ao Redor” ao demolir as…

Desejo, simbolismo e memória

Pablo Villaça* Duvido que haja no Festival de Cannes deste ano um filme mais repleto de afeto que “Aquarius”, segundo longa de ficção escrito e dirigido pelo pernambucano Kleber Mendonça Filho, responsável pelo maravilhoso “O Som ao Redor”. Povoado por personagens que (em sua maioria) se amam como parentes, amigos ou mesmo conhecidos da vizinhança,…

Sonia Braga brilha em “Aquarius”

Mariane Morisawa* “Aquarius” , primeiro filme brasileiro falado em português a participar da competição do Festival de Cannes em oito anos, foi recebido com oito minutos de aplausos na sua sessão de gala na tarde desta terça-feira, além de lágrimas de Sonia Braga. O segundo longa-metragem de ficção de Kleber Mendonça Filho, que conta com…

“Aquarius”: protesto e aclamação em Cannes

Thiago Stivaletti* Foi uma daquelas conjunções inexplicáveis. Enquanto o Brasil vive o seu momento político mais grave dos últimos anos, com o impeachment de Dilma Rousseff e a extinção do Ministério da Cultura, a direita assumindo o poder do país e botando em prática as políticas recessivas de sempre, o pernambucano Kleber Mendonça Filho, opositor…

O valor da memória

Francisco Russo* Você com certeza conhece a frase “o Brasil é um país sem memória”, legado de décadas de incompetência administrativa na manutenção de documentos e construções. Com a velocidade dos dias atuais e o avanço da tecnologia, pode-se dizer que tal conceito ficou ainda mais amplo com a inevitável transferência de CDs, DVDs e…

O mundo vertiginoso de Abbas Kiarostami

José Geraldo Couto* Quando o cineasta iraniano Abbas Kiarostami surgiu aos olhos do mundo com filmes como “Onde fica a casa do meu amigo?” (1987) e “Close-up” (1990), houve quem se apressasse em dizer que seu sucesso no circuito dos festivais se devia a uma curiosidade pelo exotismo. O tempo provou que esses críticos estavam…

Um mestre que revolucionou o cinema nos anos 1990

Luiz Zanin* De certa forma, Abbas Kiarostami tem seu nome ligado ao Brasil e a São Paulo, pois foi na Mostra, graças à iniciativa de Leon Cakoff, que pudemos conhecer seus filmes e com eles nos encantar. Era, então, quase um desconhecido para os cinéfilos brasileiros quando surgiu por aqui com o surpreendente “E a…

Memória viva de Abbas Kiarostami

Ivonete Pinto* Na segunda-feira, dia da morte de Abbas Kiarostami, recebi mensagens e falei com algumas pessoas sobre o cineasta iraniano. Em dois desses contatos havia choro: um curador de uma mostra sobre Kiarostami e um cineasta gaúcho. O fato desses dois homens, que se relacionavam com os filmes do diretor iraniano de forma distinta,…

Uma despedida histórica no Brasil

Daniel Feix* Em Porto Alegre, a despedida do cineasta iraniano Abbas Kiarostami foi histórica. Menos de um mês antes de sua morte, três cinemas da cidade receberam a mostra Um filme, cem histórias: Abbas Kiarostami, que permitiu aos cinéfilos gaúchos assistirem a algumas de suas obras-primas na sala do cinema – “Close-up” (1990), “Através das…

Kiarostami e Juliette Binoche: encontro marcado

Carlos Helí de Almeida* “Cópia fiel” (2010) foi rodado durante o verão italiano de 2009 e ganhou première no Festival de Cannes, de onde saiu com o prêmio de interpretação feminina. Mas essa primeira colaboração entre Abbas Kiarostami e a atriz Juliette Binoche começou a se esboçar 15 anos atrás, quando a francesa ganhou o…

O vento nos levará: recordações de um amigo

Renata de Almeida * No dia 4 de julho, tivemos a triste notícia da partida de Kiarostami. Muito se falou e se escreveu nestes dias sobre o grande artista que Abbas foi, reconhecido por críticos e admirado por cineastas como Akira Kurosawa, Jean Luc Godard e Martin Scorsese. Abbas, O Magnífico, como estampou a capa…

“Five”

Jean-Claude Bernardet* I “Five” se compõe, dizem, de cinco planos, aliás, o subtítulo é “five long shots”. Seriam cinco filmes curtos, ou um só de 74 minutos? O título aponta para cinco, não filmes, e sim planos. Cada plano é, em princípio, filmado com uma câmera fixa e não comporta cortes. Portanto, cada plano apresentará…

Entrevista: Abbas Kiarostami em perspectiva

Roger Lerina* Apontado pela crítica internacional como um dos maiores cineastas de todos os tempos, Abbas Kiarostami foi o primeiro realizador iraniano a ganhar uma Palma de Ouro do Festival de Cannes (com “Gosto de cereja”, em 1997). Em seu trabalho, Kiarostami recupera a estética neorrealista, acrescida de uma visão filosófica e poética sobre a…

A invenção do real em Abbas Kiarostami

Ivonete Pinto* Esta reflexão procura desviar-se do binômio exotismo-censura que costuma ser superdimensionado nas análises sobre os cineastas iranianos e, muitas vezes, equivocado quando se trata de Abbas Kiarostami. O cinema desse diretor está na ordem da filosofia, das artes plásticas e da poesia, numa perspectiva universal e, portanto, enquadrá-lo num sistema de circunstâncias, como…

“Gosto de cereja”: quando viver é uma escolha

Felipe Moraes* Um homem de semblante angustiado dirige por ruas poeirentas de Teerã em busca de ajuda. Em troca, uma grana equivalente a meses de esforço de um trabalhador comum. Ele parece bem de vida: conduz uma Range Rover e veste trajes modestos, mas asseados. Aqui e ali, para o veículo e interpela homens da…