Carelli / Tonacci

Vincent Carelli* Conheci Andrea Tonacci em 1977, quando ele procurou o Centro de trabalho Indigenista (CTI), onde eu trabalhava, para pedir uma ajuda para a formatação de um projeto para a Guggenheim chamado Inter Povos. Sua proposta era usar o vídeo, e nesta época o vídeo portátil ainda estava muito no começo, para criar uma…

Quase memória

Inácio Araújo* Antes de entrar no assunto “Já Visto, Jamais Visto” me parece pertinente esclarecer algumas coisas que tentei falar em Tiradentes e desenvolver um pouco no post anterior sobre Andrea Tonacci. “Bang Bang” trabalha a ruína de um cinema clássico a partir, em grande parte, de Godard. O que temos ali é um filme…

Já visto, jamais visto

Sérgio Alpendre* A vida também é feita de coisas deixadas pelo caminho. Muitas delas deixam de fazer sentido, ou se mostram inviáveis diante de nossas incertezas e contradições. Quem não teve de abandonar sonhos, desejos, projetos, é porque nunca sonhou, desejou, projetou, nunca quis entender para que diabos viemos ao mundo. Já Visto Jamais Visto…

Cultuado e esfíngico: o duplo jogo em Andrea Tonacci

Humberto Pereira da Silva* Andrea Tonacci (1944) é um, mas não mais que um… caso revelador de certas idiossincrasias no cinema brasileiro: processo criativo descontínuo, inconstante, exposto a humores distintos, de explícito diálogo difícil além de panelas fechadas, arredio a determinado contexto de produção e à submissão a ritos de conveniências do mercado exibidor, concebido em…

Tonacci caminha com o índio sem ilusões

Carlos Alberto Mattos* A primeira cena de Serras da Desordem mostra um índio nu sozinho na floresta (mais tarde saberemos que é Carapiru, o protagonista do filme). Meticulosamente, ele corta folhas de palmeira para fazer uma espécie de cama e produz fogo com pedaços de pau. Nada parece conspurcar aquele quadro idílico de um homem…

A bênção da fé

Daniel Caetano* Eu sou um sujeito cuja relação com a religião é típica do nosso tempo, sobretudo com o catolicismo que me batizou – me afastei completamente das questões da fé religiosa e, mais do que descrença, trato isso com a distância de um estrangeiro, ou melhor, de alguém que se afasta a ponto de…

Já visto, jamais visto

Alysson Oliveira * No começo dos anos de 1970, o diretor Andrea Tonacci balançou os alicerces do cinema com seu “Bang Bang”, um filme anárquico, divertido e ácido sobre o estado das coisas e da cultura. Em 2009, novamente, com “Serras da Desordem”, questionou os limites do documentário e da representação, colocando em foco a…

Serras da Desordem

Neusa Barbosa* Concluído em 2005, premiado com três troféus em Gramado em 2006 – melhor filme, direção e fotografia -, este aguardado trabalho do ítalo-brasileiro Andrea Tonacci chega ao circuito com a vocação de diluir fronteiras, reais e imaginárias. Para começar, “Serras da Desordem” problematiza sua classificação – é documentário, ficção, as duas coisas ao…

Andrea Tonacci – O homem é um ser que caminha

Rodrigo Grota* “Agora.. por quê a poesia? Porque a poesia te joga brechas, te dá espaços. Ela não te dá certezas, ela não te dá pedras.. Ela te dá o espaço entre as pedras.” * Quando ouvimos Billie Holiday não sentimos apenas a sua voz, o seu ritmo, o arranjo dos músicos – há toda…

Travelling na Kombi

Marcus Mello* Andrea Tonacci está de volta. Mas quem é Andrea Tonacci? Para alguns jornalistas presentes na última edição do Festival de Gramado, tratava-se de uma diretora em início de carreira, participando da competição de longas em 35mm com Serras da Desordem, um documentário sobre índios. Em país de memória curta, onde a desinformação viceja,…

Andrea Tonacci – Território da ambigüidade

Entrevista à Ivonete Pinto e Marcus Mello, para a Revista Teorema Depois de mais de trinta anos sem realizar um longa-metragem em 35mm, Andrea Tonacci volta à cena com “Serras da Desordem”, grande vencedor do último Festival de Gramado, onde conquistou os prêmios de melhor filme, melhor direção e melhor fotografia. Diretor do mítico “Bang…

Blá blá blá

Cid Nader* “Pretendiam transformar esse Celeste Império num Bordel Totalitário”. Com sorriso leve de escárnio e intenção sarcástica, Paulo Gracindo expõe essa pérola (definidora das apartações políticas de um país tomado pela ditadura) diante dos microfones num estúdio de televisão, emendando com a pérola denunciadora de suas instáveis intenções, “a revolução não é privilégio dos…

Tonacci, cinema dos grandes

José Geraldo Couto* Hoje é preciso falar de Andrea Tonacci (1944-2016), o imenso cineasta que acaba de nos deixar. Num ano de graves perdas para o cinema brasileiro, esta foi uma das mais cruéis, pois Tonacci vivia uma fase de grande energia e criatividade, com vários projetos em mente ou em andamento. Muito querido por…

Andrea Tonacci no Recife

Luiz Joaquim* Como parte da programação do Festival dos 3 Continentes, que acontece simultaneamente no Cine Apolo e Cinema da Fundação, a noite de hoje reserva, nesta última sala, a oportunidade de encontrar uma das mais brilhantes cabeças do cinema brasileiro. O italiano, radicado brasileiro, Andrea Tonacci, 64 anos, que em 1970 fez história com…

O cinema e a vida

Daniel Caetano* Como podem se ligar os filmes às vidas e as vidas aos filmes? Claro, por natureza se ligam (ora, filmes são feitos e vistos por seres vivos) – mas como essa ligação pode ser mais profunda, complexa, fundamental? Como um filme pode tentar transmitir a experiência de uma vida? Essa questão, de certa…

Memória

Luciano Ramos* Memória (Carlos Drummond, 1959) Amar o perdido deixa confundido este coração. Nada pode o olvido contra o sem sentido apelo do Não. As coisas tangíveis tornam-se insensíveis à palma da mão Mas as coisas findas muito mais que lindas, essas ficarão. Ao se aproximar a 20ª Mostra de cinema de Tiradentes – em…